Por Camila Cassia Capel
#antroposofia #parentalidade
O cérebro da criança é como um hardware de computador. Para que o computador funcione, necessita de um software. Esse software vem sendo desenvolvido desde a gestação, onde a criança começa a armazenar memórias implícitas, que ficam gravadas sob a forma de ondas cerebrais. Elas são baseadas em tudo aquilo que a mãe vive e sente. O que é percebido pelos órgãos dos sentidos da mãe e que lhe causam emoções e sensações também são captados pelo bebê.
Essas sensações ficam marcadas na memória implícita do bebê. Mas mesmo antes disso, ele já contava com um outro tipo de memória, a memória celular, vinda do pai e da mãe. Com o nascimento, a criança começa a usar os próprios sentidos para perceber o mundo: a luz e o frio da sala de parto, o seio da mãe, a voz mais grossa do pai, os acalentos, o sabor do leite, as carícias… Enfim, tudo que vai sendo percebido e incrementando seu software.
Já na fase adulta, sempre que usamos os órgãos dos sentidos para explorar o mundo, esses arquivos dessa memória (que ficam na camada mais inconsciente) são acessados para que o foi percebido seja codificado e a tomada de decisão possa ser estabelecida no córtex pré-frontal.
No primeiro setênio, Rudolf Steiner diz que a criança se assemelha a um grande órgão sensório. Quando ela experimenta um doce, por exemplo, o prazer é sentido pelo corpo todo, como se fosse um único órgão. Assim, tudo que é captado pelos órgãos dos sentidos da criança constrói seu universo interno através das sensações que essas coisas causam nela.
Desta forma, os pequenos gestos do dia a dia geram uma série de memórias para a construção do “banco de dados cerebral”. O toque, as massagens, o olho no olho nas primeiras mamadas, o ambiente calmo, tudo isso é matéria-prima para a construção deste mundo.
Um ambiente em que a criança se sente segura e tranquila, e no qual ela sabe como as coisas transcorrerão se torna um ambiente estruturador. Se ela experimenta gritos, agitação ou imprevisibilidade, estará sempre alerta em relação ao que sucederá. O ritmo externo imprime um ritmo interno.
As crianças chegam ao mundo como que esvaziadas de si e vamos, pouco a pouco, a cada vivência, acrescentando informações deste mundo que a cerca. Cientes disso podemos pensar em todas as informações que cercam nosso ambiente para analisar, conscientemente, a qualidade daquilo que estamos oferecendo às nossas crianças.