Por Camila Cassia Capel
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Os estímulos captados pelos órgãos do sentido geram impulsos elétricos no cérebro que ficam armazenados sob a forma de ondas. Estas descargas de energia acionam automaticamente o Sistema Nervoso Autônomo (SNA), responsável por funções vitais, tais como batimento do coração, respiração, funções digestivas, dentre outras.
Como na infância este sistema ainda está em formação, um ritmo constante forma um padrão sadio. Da mesma forma, ambientes nos quais a criança esteja constantemente exposta ao estresse, mudanças bruscas de humores, ritmos irregulares e hábitos de sono desordenados também imprimem suas marcas.
A Epigenética também vem confirmar os benefícios – físicos e emocionais – da exposição das crianças a um ambiente harmonioso. Afinal, o ambiente é quem influencia a manifestação ou não de doenças genéticas.
Recentemente, descobriu-se que o que leva à manifestações do gene é a permeabilidade da célula e não o fato de o indivíduo apenas carregar o gene. Essa ativação do gene estaria ligada a questões como alimentação, hábitos e ambiente em que o indivíduo é exposto durante sua vida. Aqui entra o termo “exposome”, que se refere estudo atual que considera todos os tipos de exposições nocivas no contexto de vida de uma pessoa, do nascimento até a morte, de substâncias químicas, radiação solar, poluição, temperatura à fatores relacionados ao estilo de vida como hábitos de sono, exposição ao estresse e agentes sociais.
Pensando na parentalidade e nas exposições as quais os pais têm controle, sugestões simples podem trazer grande segurança para a criança. Entre elas estão a busca por um ritmo (alternando movimentos de expansão e contração) na rotina da criança; a reservar tempo para pausa entre as atividades; promoção de ambientes tranquilos para as refeições e higiene do sono (respeitando o mínimo de horas de sono para cada faixa etária). A inclusão de rituais que marquem a transição do dia para a noite também costuma gerar bons resultados.
Cabe aos pais também cuidarem das emoções que permeiam o ambiente, apesar invisíveis, emoções são sentidas pela criança e, mais ainda, são imitadas por ela. Graças a descoberta da neurociência, o neurônio-espelho, foi possível comprovar de onde vem a tendência da criança imitar seu ambiente
Funciona assim, a criança percebe as emoções do ambiente através de percepções sutis, às quais um adulto normalmente não é capaz de perceber. Elas são como “esponjinhas” que captam o campo emocional. Desta forma, brigas, tom de voz, o jeito como se oferece o alimento, o toque afetuoso nas trocas ou no banho e o estado de presença dos pais estão informando e trazendo modelos de imitação.
Isso não significa que não podemos ficar tristes ou chateados, pois isso faz parte da vida. No entanto, a maneira como o adulto lida com suas emoções está ensinando às crianças um modelo de comportamento e padrões de crenças, seus mindsets estão sendo formados.
A simples consciência de não estarmos sozinho nesta jornada, de que existe um ser que depende de nós e que nos imita é um excelente motivo para cuidarmos do campo das nossas emoções. Esse movimento por parte dos pais também poderá ser percebido pelo neurônio-espelho da criança. Isso significa que ao encararmos com comprometimento nossos processos de autodesenvolvimento, estamos trazendo informacões- pela linguagem não verbal e neurônio espelho- para a construção de um modelo construtivo para que os filhos lidem, no futuro, com suas próprias vidas.