Na década de 1990, o Projeto do Genoma mapeou 99% dos genes humanos, mais ou menos 25 mil genes, se pensar bem, não muito diferente do que tem uma planta. Como poderia uma planta ter apenas 10 mil genes a menos que um ser humano complexo?
Frans Collins, diretor do projeto Genoma na época, chegou à conclusão de que o determinismo genético não existe. Não são apenas eles que nos determinam. Esses estudos se aprofundam e concluiu-se que mais fatores contribuem para o comportamento do organismo humano, até chegar a epigenética.
Dr. Bruce Lipton é internacionalmente reconhecido por unir conceitos científicos e espirituais e atua na área de biologia celular. Em um dos seus livros mais importantes, “A Biologia da Crença”, ele explica a questão das células e como elas se modificam de acordo com o ambiente. Com pesquisas realizadas na Escola de Medicina da Universidade de Stanford, mostrou-se que o ambiente, atuando através da membrana, é quem controla o comportamento e a psicologia das células, ativando ou inibindo os genes. Tais descobertas, que contradizem o preceito científico estabelecido de que a vida é controlada pelos genes, abriram as portas para uma das áreas de estudos mais importantes da atualidade: a ciência da epigenética. Nestes estudos concluiu- se que é o ambiente que envia informações para nucléolo da célula para que produzam as proteínas necessárias. Isso significa que nossa célula pode carregar uma informação de uma doença, por exemplo, mas se o ambiente não informar ao núcleo que alguma proteína precise se desenvolver, e uma doença se manifestar, por exemplo, a célula pode não chegar a se desenvolver e uma doença, dita genética, pode não se manifestar.
Existe a possibilidade de mudar a expressão gênica sem uma mudança da sequência genética. E descobriu-se que fatores externos são capazes de causar essa interferência, tais como:
- Hábitos de vida;
- Fatores ambientais;
- Relações sociais.
Isso acontece porque as proteínas específicas que inibem a expressão gênica são influenciadas por fatores ambientais e sociais. Ou seja, a forma como vivemos, pensamos, nos relacionamos, tudo isso altera nosso gene.
Segundo Bruce Lipton, o segredo da vida está no que acreditamos e não são os genes que controlam a vida, mas sim, nossas crenças. A Epigenética mostrou-se a ciência que agora explica como podemos carregar certas predisposições ditas, genéticas, mas não as desenvolvermos durante a vida. Afinal, se é o ambiente que informa ao núcleo da célula como esta deve se manifestar, formar um ambiente celular saudável dentro do nosso corpo levará informações saudáveis para nossas células, tornando nosso corpo não favorável à ativação de determinados genes, não manifestando certos tipos de doença.
Saúde começa na mente- o papel das crenças
Mas o papel das crenças é determinante. Crenças moldam nossa arquitetura mental, nossa maneira de interpretar a realidade em que vivemos e como vivenciamos fatos, ativando determinadas emoções que disparam hormônios e neurotransmissores em nosso corpo. Em especial, estresse, raiva, comuns em nosso tempo, descarregam uma carga muito grande de adrenalina e cortisol na corrente sanguínea. A ciência já estuda há anos os efeitos do cortisol no corpo, sabe-se da sua relação com processos inflamatórios e outras consequências nocivas ao organismo como um todo. Isso significa que nossas emoções estão, diretamente, criando ambiente celular.
Aliando este tema à teoria dos campos morfogênicos, proposta por Rupert Sheldrake, sabemos que informações de nossos antepassados não estão apenas na memória celular, mas em todo campo de informação, que é transgeracional. Assim, a vida de nossos antepassados atua diretamente sobre nossa composição física mas, também, psíquica sob a forma das crenças. Talvez seja por isso que, mesmo desejando ter saúde e cuidar da saúde física, muitas pessoas não consigam frear curso de doenças comuns em um sistema familiar, isso estaria no nível inconsciente, onde as crenças atuam diretamente sobre a saúde.
Como formamos nosso corpo?
A ideia da epigenética também nos dá pistas sobre como uma célula única , da qual todos os seres humanos são formados, a partir da concepção, multiplica-se dando origem a células diferentes no organismos, que formam tecidos e órgãos específicos em cada área do corpo, até formar em um ser humano único. Podemos pensar que as células do corpo possuem todas o mesmo DNA, porém a célula do coração segue um manual diferente da célula do fígado por exemplo. Essa distinção seria graças a estes campos que informam que determinadas células de uma área específica, devam se desenvolver como células cardíacas e outras digestivas, por exemplo. É como se existisse um campo de informação em pontos do corpo que criam ambientes favoráveis para desenvolvimento de certo tipo de célula e, consequentemente, um tipo de órgão. Assim,a cada minuto, milhares de novos seres humanos, com suas características únicas, surgem no planeta.
Ainda, os marcadores epigenéticos se comparam com uma espécie de etiqueta no corpo. Podemos brincar de imaginação pensando em etiqueta com cores espalhadas no organismo onde, por exemplo, azul significa que aquela página do manual não será necessária agora e verde marcando o que é importante naquela fase da vida. E essa variante mudará ao longo da vida. Assim, mesmo carregando toda possibilidade de se tornar uma mulher e procriar, por exemplo, o corpo só libera a carga hormonal na idade adequada, tornando óvulos, que já existem, dentro na menina, desde quando ela estava na barriga de sua mãe, maduros para fecundação. Ou seja, é como se aquela área carregasse uma etiqueta que a classifica em um grau de importância para manifestação. Ela esteve sempre lá, mas se manifestou apenas no tempo adequado. No caso do exemplo, apenas na adolescência o corpo será inundado de hormônios que facultam, na mulher, a possibilidade de ter filhos, ainda que os óvulos já estivessem dentro dela desde antes do nascimento.
Certamente, este estudo será cada vez mais importante para a ciência, onde atualmente a medicina do Estilo de vida já é uma realidade no mundo, e começa a ser conhecida no Brasil em um dos hospitais de maior referência do país. Mas esta visão também contribui para fomentar a ideia de que saúde engloba muito mais do corpo. A nossa mente pode trabalhar para nos ajudar a nos tornar protagonistas dos nossos estados de saúde.
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