Hospital Cruz Verde
O Hospital Cruz Verde é uma organização sem fins lucrativos que é lar de bebês, jovens e adultos com paralisia cerebral grave. A instituição presta serviço de excelência para nossa sociedade desde 1958.
Meu apoio ao Hospital Cruz Verde tem sido feito por meio de pequenos gestos ao meu alcance. No entanto, isso ainda é muito pouco… Conheço de perto as necessidades dos cidadãos com paralisia cerebral grave e tenho certeza de que o hospital garante atendimento sério por meio de profissionais competentes envolvidos na causa.
A escolha em ajudar a instituição não foi por acaso. A Cruz Verde foi, literalmente, meu quintal na infância, local de onde extraio lembranças do tempo em que eu e meus irmãos vivemos juntos neste plano.
Apoie você também
Além de ser uma causa pessoal, a Cruz Verde precisa de apoio social.
Você também pode contribuir por meio da doação de produtos de higiene, alimentação e da aquisição dos itens à venda no bazar permanente da instituição (no local ou no Pix direto do hospital).
Veja todas as opções no botão abaixo:
Carta à Cruz Verde
Inauguração sala Maurício Capel
Carta que escrevi no dia da inauguração da sala Maurício Capel e que hoje está na parede da sala, dentro do hospital Cruz Verde, mostrando, fisicamente, que sempre estaremos juntos.
03.08.21 – O dia em que voltei à minha casa da infância.
Este endereço ao qual visitei tantas vezes na infância nunca me causou tanto frio na barriga como hoje. Passar pela primeira rampa, que tanto tenho marcada em minha memória, percorrer o corredor com aquelas fotos de crianças verdadeiramente felizes; e hoje, com um nome especial pendurado na porta.
Já não corro pelos corredores e rampas das alas, tentando espiar as alas superiores à procura de alguma criança “diferente”.
Já não fico sentada numa cadeira de rodas, achando que eram apenas cadeiras comuns mas que possuíam rodinhas.
Já não frequento as festas animadas com direito a gelatina e música, onde , às vezes, os convidados ficavam em camas.
Já não atrapalho minha mãe enquanto ela costura os aventais das crianças.
Já não corro entre as cadeiras com rodinhas enquanto estão sentadas no pátio no banho de sol.
Mas, hoje, percebi o quanto tudo isso ainda vive em mim, no lugar das poucas, mas melhores lembranças da infância.
O conceito de doença quem dá somos nós, ouvi isso hoje, na brilhante aula inaugural do novo auditório…. E não é que é verdade? Cresci achando aquelas crianças normais, dentro da minha referência, com um irmão nas mesmas condições; e o que me despertava curiosidade eram as crianças com a cabeça maior (hoje sei que se tratava de hidrocefalia), as quais eu ia espiar nas alas proibidas. Mas nunca senti aquilo como doença ou algo ruim, apenas “diferente” de mim, da minha irmã mais velha e do meu irmão, diagnosticado com paralisia cerebral grave desde bebê. Foi apenas depois que cresci que esta diferença se tornou “doença” e passei a entender minha história a partir de outro ponto de vista. Mas enquanto estava lá, eu era apenas uma menininha de cinco, seis anos, colhendo as informações do ambiente de maneira inconsciente e vivendo nele, como toda criança nesta idade.
Por muitos anos, depois que tomei consciência do que representava tudo aquilo, vivi o presente contando uma história do passado, a partir de conceitos e crenças aprendidas intelectualmente sobre a paralisia e, de fato, a dor e a dificuldade existem. Talvez não tanto para as crianças (dependendo da gravidade do caso), mas para as famílias e para os profissionais anjos, que dedicam suas vidas por esta causa que poucos tem coragem e dom para encarar.
Hoje ficou claro que este sofrimento não existe dentro de mim. O que existe é o sorriso largo e espontâneo, a sensação de acolhimento, o otimismo, a motivação, a doação e o sacro-ofício (sacrifício) que todas as pessoas envolvidas nessas histórias possuem na Terra. Sejam as famílias, os profissionais, voluntários e as próprias crianças. Todos entrelaçados em uma tarefa humana de expandir a força do amor e o gesto de cuidado.
Como meu pai e minhas avós ficariam felizes hoje também. Assim como fico feliz por estar hoje com minha mãe, minha fortaleza nesta homenagem. Quando penso no Maurício, sua alma se eterniza nesse gesto e em todas as vezes em que alguém aprender algo nesta sala. Será como se ele estivesse vivo novamente.
Ainda há muito a fazer e qualquer gesto parece pequeno perante o caminho, porém podemos fazer aquilo que está ao nosso alcance hoje. Esse gesto foi possível porque tenho um companheiro de jornada que apoia meus sonhos e os abraça como se fossem dele também.
Segundo o Tratado da Gratidão de São Tomás de Aquino, tema da aula de hoje a gratidão existe em três níveis: superficial, intermediário e profundo, sendo este último, quando realmente estamos vinculados a algo. Eu sou vinculada a esta casa, e por isso agradeço: “MUITO OBRIGADA” Cruz Verde.
(Não mencionei aqui o nome de todos porque o time é grande e seria injusto, mas agradeço a todos e menciono o nome de Marilene Pacios, por sua tarefa de beleza incontestável, e a Martinha, que há 48 anos cuida dessas crianças e que teve meu irmão nos braços em algum momento).
Camila Cassia Capel
03.08.21

O Mala do Opa
Transformando esta história em um livro, também estou realizando um grande desejo, ajudar muitas crianças especiais, como Maurício, meu irmão, que nasceu com paralisia cerebral grave, porque parte da renda será destinada à Instituição Cruz Verde que ajudou a cuidar dele no seus nove anos de vida e continua ajudando muitas crianças e adultos.