Às vezes, os filhos nos colocam à prova com comportamentos que atacam diretamente virtudes e valores que sustentam nosso modo de ver o mundo. Diante da sensação de impotência, não encontramos atitudes adequadas e acabamos assumindo ações reativas A intenção de ensinar o que julgamos correto, por vezes, acaba em palavras mal colocadas, ofensas, castigos ou atitudes que suscitam sensações que não gostaríamos de provocar em nossos filhos.
Para a criança, é insuportável que o amor dos pais esteja ameaçado a algo que ela não fez de “ bom”, porque ela ainda não sabe o que é de fato bem ou mau. Quando faz algo que julgamos ser ruim, devemos esclarecer que sua atitude nunca mudará nosso amor, uma vez que ela ainda não conta com recursos para diferenciar suas atitudes de si mesma. Quando somos crianças, aquilo que desaponta nossos pais, nos causa sensação de culpa.
Essa suposta má conduta, presente no primeiro setênio, está ligada ao exercício da empatia, e não a um desvio de caráter, uma vez que a criança ainda não incorporou os valores morais e éticos de sua comunidade. Os erros são uma oportunidade de exercitar a moral; neles existe um caminho seguro para possíveis reparações, se lhe for dada essa chance. É importante dar o tempo necessário para que a própria criança possa perceber sua atitude, uma vez que ela não tem a intenção de cometer um mal, e se o faz, é por não ter recursos para lidar com situações como raiva, ciúme, inveja, medo, dentre outros que são difíceis para qualquer ser humano. Mas o tempo dela, na maioria das vezes, não é o dos adultos, que entram em ansiedade e buscam soluções apressadas para a situação. Se mantivermos fidelidade à luz espiritual das crianças, teremos a paciência necessária para permitir que ela repare seus erros e exercite as melhores qualidades, que já estão dentro dela, uma vez que a vocação para o bem nasce com ela e ficam à espera de uma oportunidade para florescer. A criança nasce plena de capacidades, e necessitam de um solo adequado para seu pleno desenvolvimento. Uma maneira de oferecê-lo é mostrar-lhe que, mesmo diante de um erro, ela pode contar com a oportunidade de reparação. Se queremos adultos íntegros e com empatia, precisamos dar-lhes a oportunidade de aprendizagem, e a infância é o espaço mais seguro para isso, pois os erros nesta fase facilmente podem ser consertados. Somente a fidelidade dos pais para os filhos lhes dará o espaço seguro para o erro.
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