No último artigo, eu dei continuidade aos meus estudos relacionados aos conceitos dos autores Daniel Burkhard e Jair Moggi, fundadores da empresa Adigo Consultores. Passei a explorar a espiritualidade dentro das empresas por meio do autoconhecimento e desenvolvimento individual. Para trazer contexto às pesquisas, trouxe a visão dos quatro níveis ou camadas constituintes do ser humano – Corpo físico, Corpo Vital, Corpo Astral (ou anímico) e Eu e como esses níveis de qualidade também diferenciam níveis qualitativos de uma empresa.
Você pode ler o primeiro artigo, e aqui, o segundo.
Vamos contextualizar a perenização de uma empresa? Neste processo, é fundamental que se tenha uma metodologia consciente e estruturada de desenvolvimento dos gestores, sintonizado com um método de desenvolvimento organizacional da empresa.
Também é preciso a conscientização desses níveis constituintes do organismo chamado empresa. Mesmo no universo corporativo, uma abordagem puramente racional e lógica pode até gerar resultados a curto prazo, mas são insustentáveis a longo prazo, em função desses níveis humanos, que são imateriais.
Para quem já está familiarizado com este movimento, indico a pesquisa de temas como Economia Viva, Capital Espiritual da Empresa, Empresa como Órgão, Empresa Orgânica, Espiritualidade Corporativa, Ecologia Social.
“…hoje, a marca de uma empresa pode valer mais que seus ativos tangíveis e as empresas de maior crescimento hoje em dia sequer possuem bens físicos relevantes, esse novo conceito torna imprescindível uma nova gestão e governança das organizações”.
Quintessência – integrando gestão e governança – Rubens Guimael
Temas como esses surgem da nova demanda do mundo, porque as gerações e misturas maravilhosas entre seres humanos fizeram nascer novas mentes. O mundo está mudando e quem tiver este olhar para o futuro estará alinhado à alma do nosso tempo.
É preciso começar um questionamento sobre o futuro, sobre a nova consciência que existe, onde as pessoas não vivem mais para apenas TER coisas. As pessoas querem apenas SER; e neste cenário, os bens materiais se tornam algo secundário, não mais o real significado de “sucesso”, como antes já foi. A nova consciência percebeu que para se ter muito será preciso abrir mão de seu propósito, pois o ter implica em demanda de tempo que pode desviá-lo de sua rota. O jovem não quer mais isso, ele quer possuir aquilo que cabe nele, quer que o dinheiro viva em função dele e não viver em função do dinheiro. Uber e Airbnb são grandes exemplos: não precisamos mais ter carros e casas no mundo para sermos livres. O significado de ter sucesso na vida se tornou algo mais relacionado à essência, ou seja, o essencial para cada um. É o retorno à simplicidade, não como clichê, mas em seu real sentido. Podemos admitir que o isolamento social proposto na pandemia acelerou esse processo, mas aconteceria de qualquer forma, pois a consciência sobre nós mesmos, autoconsciência, é para onde a flecha da evolução aponta e nós, por força individual ou coletiva, a acompanharemos.
Na pandemia, talvez pela primeira vez, nos igualamos enquanto seres humanos. Todos nós nos tornamos “gente simples”, todos vivemos para suprir as mesmas necessidades básicas (comer, ter abrigo e segurança e manter-se vivos). O isolamento nos levou a viver os mesmos medos e a segurança material não nos tornou blindados da morte ou de perder quem amamos. O ter, que sempre nos deu a falsa sensação de segurança, mostrou-se incapaz de se sustentar sozinho. Essa crise da humanidade com certeza está relacionada a esta abertura de consciência para temas nunca antes falados, inclusive em meios corporativos; aliás, os que mais sofreram com a crise sofreram com a crise mundial.
Penso que estamos mais conectados à nossa real essência agora. Vimos o que sobra da gente mesmo, o que realmente somos, quando ficamos sem tantos aparatos, estruturas, sem tantas necessidades que o dinheiro pode, de fato, comprar. Agora podemos nos ver exatamente do tamanho do somos, num enorme exercício de humildade, onde tudo que sou se resume ao que construí em cima do meu corpo, com ajuda da minha alma e guiado pelo meu espírito.
A nova consciência quer ser livre, pensa em gerar impacto social, em tornar o mundo melhor; neste cenário, o acúmulo de bens nas mãos de poucos, sem um propósito maior, não faz mais sentido. Queremos caminhar juntos com outros que comungam os mesmos ideais, queremos fazer parte de uma mudança que não sabemos qual é, mas que já sentimos estar acontecendo. Não queremos ser iguais a todo mundo, sabemos que nossa expressão única, nossa essência, precisa ser manifestada, mas queremos conviver com o mundo. Já sabemos que uma comunidade não é feita de seres que pensam igual. Também já percebemos que somos peças de uma engrenagem que não pára, quer queiramos quer não, quer aceitemos ou não. Sabemos que tudo vai continuar, mesmo quando formos embora. E os que ficarão serão os rastros das nossas atitudes.
Longe de ser uma apologia à vida franciscana, penso que podemos gerar muitas riquezas para o bem de muitos também. E isso não se trata apenas de gerar mais empregos. A nova consciência quer que seu entorno cresça com ela, quer conscientizar a sociedade sobre os impactos na natureza e na humanidade, sobre os impactos socioambientais. Ela se preocupa com seus rastros no mundo porque sabe que alguém vem depois e quer preparar este terreno agora; sabe que a evolução é um processo e que amanhã, vamos novamente nos deparar com aquilo que deixamos pra trás hoje.
Em contrapartida, também é fato que não somos eternos e que, provavelmente, não participaremos em vida deste novo mundo… somos pó de estrela… mas aquilo que nosso espírito ajuda a construir (por meio de ideais, propósitos, impulsos legítimos, e produtos e serviços que deles derivam) pode permanecer no plano físico, por meio da empresa e do meu trabalho em prol dela.
Não são reflexões simples, nem de respostas prontas. Talvez as respostas sejam as que menos precisamos, mas esta deve ser a busca de cada membro consciente de uma empresa. Na verdade, essas perguntas na empresa desencadeiam um processo individual interminável dentro de cada ser humano. Na realidade, penso que esta pergunta é o sentido humano em si.
Afinal, qual é o sentido humano senão descobrir a resposta para a pergunta: Para que estou aqui?
Pergunta que nos levará, inevitavelmente, à busca da espiritualidade em todas as áreas da nossa vida. Mas além desse movimento gerado por crises, em essência, independentemente de nacionalidade ou classificação, os seres humanos (que compõem uma empresa) são seres em constante processo de evolução e a ampliação de consciência sempre será um processo que acontecerá, primeiramente, no âmbito espiritual.
Parafraseando aquilo que constava na entrada do templo de Delfos, na Antiga Grécia, mais de 2500 atrás – “Conhece-te a ti mesmo”- mostra-nos que a busca pelas respostas a perguntas existenciais já rondavam o ser humano desde os primórdios.
Assim, torna-se autoconsciente – conhecer a si mesmo – é também uma premissa do espírito do nosso tempo, nosso Zeitgeist, e a resposta a essa pergunta será, por si só, um processo de união com mundo espiritual.
Comente, queremos ouvir você.
Acreditamos que a troca é fundamental para evolução da nossa consciência.
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