Soul Camila

Corpo

Tempo de leitura: 4 min

Uma escrita, muitas formas de consumi-la.

Corpo
Eu leio para você…

Nosso instrumento físico, que permite a vida na Terra, portanto, será por intermédio dele que, também, poderemos alcançar a espiritualidade. As nomenclaturas corpo, alma e espírito dividem, racionalmente, o indivisível. Na verdade, somos tudo isso ao mesmo tempo, e essa divisão nos afasta do essencial.

Para sermos humanos, precisamos de um corpo que obedeça às leis terrenas, e o corpo físico se propõe a este papel. Ele faz um ciclo no tempo: nasce, cresce, amadurece, declina sua vitalidade e morre. Assim é essa nossa porção material. Obedecemos a essa curva ascendente, que chega ao ápice e depois de um tempo começa a declinar; aqui começa o processo de envelhecimento.

Essa vitalidade está relacionada com a nossa capacidade de gerar e guardar memórias. Isso podemos perceber nas crianças, que no início da vida, com sua vitalidade ainda ascendendo, não possuem grande capacidade de construir memória conscientes; e na velhice, quando, naturalmente, o idoso vai perdendo aos poucos sua memória. Ativamos a capacidade de memorar quando nos relacionamos com o mundo, sentimos alguma emoção (chamada de impulso elétrico na neurociência), nossos órgãos sensoriais captam o externo e em milésimos de segundos este estímulo chega ao nosso cérebro em uma região que compara aquele estímulo do presente com outras informações parecidas vividas no passado – este banco de imagens são as memórias. Mas antes que possamos elaborar um pensamento sobre algo que capturamos pelos órgãos dos sentidos, o corpo responde a esses estímulos em milésimos de segundo. O sistema nervoso autônomo reage infinitamente mais rápido do que nossa tomada de consciência, gerando estado de alerta, alterando secreções gástricas, batimentos cardíacos, ritmo respiratório, liberando neurotransmissores e hormônios. Ou seja, sem que pensemos, estamos alterando nossa vitalidade.

Essa relação entre corpo e mente hoje é assunto de renomados centros de pesquisa no mundo, que entendem Mind-Body Medicine, medicina da mente e do corpo, como uma possibilidade de cura para diversas doenças, em uma medicina mais integrativa. O próprio Lifestyle Medicine dedica-se ao estudo do quanto um estilo de vida saudável, cultivado desde a infância, tem impacto sobre a vida futura de um indivíduo, promovendo saúde e longevidade. Alimentação, sono e meditação são alguns dos fatores que comprovadamente têm efeitos benéficos para o organismo. O alimento que ingerimos, o ar que respiramos e as emoções e representações mentais que construímos a partir das relações humanas, impactam em nossas células, órgãos e, consequentemente, na manifestação, ou não, de doenças. O ser humano não é somente resultado da luta entre hereditariedade e ambiente, carregamos uma força vital, que pertence a nossa individualidade e é ela quem determina o grau de superação diante desses dois aspectos. Isso nos abre uma grande margem de escolhas diante de nosso corpo. Saímos do papel passivo, daquele que apenas recebe informações e destinos, por vezes fatídicos, dos médicos, para corresponsáveis pela nossa saúde, podendo influenciar o nosso próprio processo de cura. 

Não sou médica, mas admiradora dessa profissão, tanto que quase entrei nesse universo, achando que a medicina me ajudaria a entender melhor a parte física da nossa totalidade, mas hoje entendo que minha tarefa está na medicina da alma; vejo a “cura” como algo muito além de processos puramente físicos e, por isso, quero contribuir, cada vez mais, com o processo de autoconsciência das pessoas. Esta é a pequena contribuição que quero deixar neste mundo, porque realmente acredito que o autoconhecimento é o caminho para a verdadeira liberdade, não apenas do corpo, como da alma.

Segundo Luiza Lameirão, carregamos uma qualidade que nos torna humanos, a qualidade da intencionalidade, a capacidade de direcionar a própria vida com autonomia; isso porque vive em nós a centelha divina, que é capaz de se sobrepor a todos esses fatores. Nosso desafio, enquanto humanos, é acessar essa força pelo autoconhecimento. Aqui, cabe, de maneira redundante, repetir as palavras atribuídas a Sócrates, pois elas mostram-nos com clareza esse caminho: “Conhece-te a Ti mesmo e conhecerás todo o universo e os deuses, porque se o que procuras não achares primeiro dentro de ti mesmo, não acharás em lugar algum”.

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