Como a diversão e a imaginação podem transformar uma criança em desenvolvimento.
A formação de representações, por volta dos dois anos e meio, três anos, dá à crainça a condição para o aparecimento da lembrança imaginativa ‒ assim surge a possibilidade da fantasia na criança. Rudof Steiner, afirmou o seguinte: “Assim como a representação se baseia em antipatia, o querer se esteia em simpatia. Se esta for bastante intensa tal como era a antipatia no caso da representação, que se tornou memória, então da simpatia nasce a fantasia”. A força da fantasia se desenvolve a partir da vida imaginativa. Para Karl König, movimentos como a imaginação são substâncias plásticas usadas pela fantasia.
Existe um íntimo entrelaçamento entre brincadeira e fantasia, e aqui surge um par antagônico: assim como fantasia está presa ao brincar, a memória age em íntima ligação com o falar. A capacidade de lembrar está associada a de denominar, pois só o que é passível de ser denominado é corretamente lembrado. O brincar aviva a fantasia que, por sua vez, age acendendo e multiplicando o brincar. Alguns acreditavam que a fantasia teria que se basear em vivências. Karl König propõe o contrário: a fantasia cria as bases para que a criança conceba o mundo. Somente na fantasia, o existir adquire seu significado, tornando-se vivência. Ela é a alegria contínua que a criança vivencia ao “acordar” para o mundo, por volta dos três anos. A memória, por outro lado, é resultado do doloroso choque com o mundo. Porque a experiência com o ambiente é algo estranho, impenetrável e, através da memória, a criança pode abstrair o mundo.
Como toda brincadeira, a fantasia tem sua origem na motricidade. Da constante necessidade de atividade, a criança retira sua fantasia; o movimento passa a ser uma imagem e retorna ao brincar. O fascínio das brincadeiras é que elas nunca começam, nunca terminam, e apesar disso, acontecem. Somente mais tarde, quando o movimento é executado sem uma imagem que o motive, quando ele se torna finalidade, surge a abstração do esporte.
Ao final do segundo ano, a motricidade se liberta, a fantasia surge, estrutura-se no decorrer do terceiro ano e se mantém até o fim da infância. Somente pouco antes da puberdade, por conta do pensamento representativo e de lembranças cada vez mais intensas, ela é afastada para o inconsciente. Por volta dos 9 anos, quando se afasta do mundo da fantasia, é notável a melancolia que invade a criança. Aproximadamente aos 7 anos, ela se diz “entediada”, o que ocorre porque as forças da fantasia começam a migrar para o inconsciente. Findo este período, o homem só estará próximo ao mundo da fantasia através do sonho ou por uma confusão narcótica.
Assim, no terceiro ano a criança faz grandes conquista: toma posse das representações da mente; conquista a linguagem vivificante e é capaz de comunicar-se; e a fantasia floresce. Dessa conquista, decorre a maior capacidade humana, a identificação. O pensar desperta, a criança toma consciência de si mesmo, e se auto designa pela palavra “eu”. “Eu penso”, passa a ser vivência repetida. Este é o primeiro marco de chegada na individualidade, momento em que ocorrem as birras, como forma de afirmar-se. É exatamente no limite imposto pelo “não” do outro, que a criança encontra a barreira necessária para se perceber. A busca por limites, além de normal, é extremamente sanadora quando encontra a barreira de adulto consciente, que faz isso com amor. Os pais terão que lidar com uma fase conturbada, onde precisarão incansavelmente colocar limites para este eu.
E neste jogo do limite, onde a criança de fato ainda não pode ser livre, ela precisa deste espaço de total liberdade, e é somente através do brincar que uma criança tem capacidade para exercer esta liberdade saudavelmente.
Como você limita e dá espaço para as crianças que convivem no seu dia?
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