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18. A arte de contar histórias

Tempo de leitura: 4 min

Uma escrita, muitas formas de consumi-la.

18. A arte de contar histórias

As histórias representam uma parte fundamental da infância. No primeiro setênio, os contos trazem imagens que atuam na alma da criança e ajudam-na a construir sua personalidade. Os contos fazem parte da educação moral e ativam qualidades essenciais na criança. Eles trazem imagens de representações de tudo que a vida apresenta e, a partir delas, a criança encontra forças para atuar diante das situações da vida. Quando oferecemos imagens prontas, a criança não precisa acrescentar nada de si. As histórias que possuem poucas imagens as instiga a criar as suas.

Ouvi, em certa palestra na Escola de pais, regidas por Dr. Ana Paula Cury, que os contos são como bandejas de quitutes, daquelas, servidas em festas; alguns, pegam apenas um quitute, outros, pegam um pouco a mais e guardam para depois e há também aqueles que enchem as duas mãos; ou seja, cada um serve-se da maneira que dá conta. Os contos atuam da mesma forma. Por isso é que não devemos explicar as histórias, evitando a tentativa de suprir as emoções que surgem na criança a partir da contação. Pense que cada criança se servirá daquilo que sua alma necessita naquele momento.

Para as crianças pequenas, devemos contar a mesma história por vários dias, até que elas consigam elaborar imagens do conto oferecido. Quanto menor a criança, mais simples deve ser a história e mais vezes ela deve ser repetida, pois o processo de memorização ainda está em construção.  Não importam tanto as palavras (apesar de que, quando erramos ou esquecemos uma, eles notam), e sim, o ritmo e entonação. Porém, o mais importante é o calor e a presença do adulto que a conta. Por isso se torna mais fácil quando já temos a história em mente, pois evita que nos prendemos ao ato da leitura. A criança busca na história a beleza, a bondade e a verdade, ainda que estas estejam ocultas nos acontecimentos, por vezes tristes, da história.

Por buscar o gesto humano do adulto, muito mais do que a história em si, a atitude de quem conta tem um peso muito importante para a atenção da criança. Se o adulto está preocupado com outras coisas, ele não vai conduzir a criança de forma que ela se interesse pela narrativa. Alguns pais reclamam que os filhos não se interessam pelas histórias na hora de dormir, isso pode acontecer, por exemplo, quando o adulto está agitado internamente, isso interfere na entrega da criança ao ritual. Também acontece do conto na hora de dormir ser o único momento da rotina em que a criança tem seus pais junto delas, por isso, o medo da separação, associado ao fim deste momento, também pode ser difícil de administrar.

Para que a história faça sentido à criança, ela precisa fazer sentido no coração do adulto, pois a criança se alimenta do conteúdo de que o próprio adulto se alimenta. O mesmo se aplica às orações ‒ se o conteúdo parte do coração, ele será sentido pela criança. As histórias e as orações precisam, primeiro, ser uma verdade para o adulto, depois, transformada em gesto, manifestada na fala, no tom de voz e no calor que emana da situação.

Pode ser interessante que o adulto aprenda um pequeno repertório de histórias. Mas se isso for algo difícil, os pais podem falar dos fatos do dia, contando em linhas gerais e com entusiasmo os momentos do dia em que ele sentiu gratidão em seu coração ou relembrar  com a criança, memórias de sua própria infância. Uma história sem verdade não se torna atrativa, é apenas uma narração.

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