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ENERGIA VITAL- A ENERGIA QUE NOS MANTÊM VIVOS 

Tempo de leitura: 11 min

Uma escrita, muitas formas de consumi-la.

ENERGIA VITAL- A ENERGIA QUE NOS MANTÊM VIVOS 
Eu leio para você…

Ch’i para Medicina chinesa, Prana, no yoga ou, simplesmente, a energia vital. Trata-se da energia que permeia todas as coisas do universo e que sustenta nossa vida. Ela circula  pelo nosso corpo através dos meridianos, canais de energia estimulados em técnicas como a acupuntura. Esta energia é responsável pelos nossos processos vitais, ela quem faz nosso esqueleto, formado por ossos, carregar a vida e que possamos manter a postura ereta Este fluxo energético forma um tipo de força que nos sustenta em pé. Nossa postura é formada pela ação dos de força advindas dos nossos processos vitais, que incluem sistema neurossensorial, cardio respiratório e metabólico motor. A junção de todos esses processos sustentam nossa fisiologia. Portanto, a energia vital é a energia da vida. Quando Ch’i está forte sentimos disposição, entusiasmo e vontade de concretização. 

O Ch’i é gerado a partir da nossa energia essencial, o nosso Jing ancestral- que chineses chamam de Energia Pré- natal. Advindas dos nosso pais no momento da concepção. O Jing refere-se a quantidade de reserva energética que temos para usar do nascimento até a morte, é uma energia, portanto, algo não material e está armazenado em nosso rim. Mas mesmo tendo um estoque, podemos acrescentar mais energia, chamada  Energia Pós celestial (pós natal )- esta é gerada a partir da essência dos alimentos, da essência do ar e da nossa atividade mental em equilíbrio, o que inclui a organização das nossas emoções. Os chineses chamam tudo isso de Ch’i, um calor que sustenta a vida. Para boa saúde, devemos investir na energia pós natal, contribuindo para menor desgaste do nosso Jing. A medicina chinesa usa um tripé para orientar a melhor administração da nossa poupança vital, onde  alimento garante a energia da terra para nosso organismo, a respiração garante a qualidade e boa assimilação do ar inalado e ch’i garante o calor (físico, emocional e espiritual) necessário à vida. Essa junção, seria a fonte  da nossa longevidade.

Desenho de uma pessoaDescrição gerada automaticamente com confiança baixa

E são nos  primeiros anos de vida que moldamos o organismo sobre como ele vai operar na vida adulta. Por isso, devemos dar especial atenção ao ritmo da vida da criança, à alimentação, cuidados e ao toque e vínculos afetivos. Assim, quando adultos, esta energia possuirá um ritmo harmônico e consumirá, de maneira mais lenta, a poupança de vitalidade que herdamos dos pais no momento da concepção. O simples fato de estarmos vivos consome esta reserva, mas podemos cuidar e gastá-la de forma mais lenta, através de cuidados relacionados ao estilo de vida como alimentação, técnica de respiração e relaxamento, meditação, higiene do sono, evitando vícios e mantendo relações interpessoais saudáveis.

Mas o fato é que, gastando energia rápido ou lentamente, por volta dos 42 anos, a curva de energia vital de todo ser humano, que sempre foi ascendente, naturalmente, começa a cair. Por isso, quanto mais velhos, menos energia vital teremos e os cuidados começam a ter que ser redobrados porque não contaremos mais com a força ascendente que prevaleceu até por volta dos 40 anos.

Isso acontece para que uma sabedoria da natureza possa ter espaço em nossa vida, o processo do ganho de consciência, ou melhor, autoconsciência. As forças de consciência consomem energia vital. Assim, o desenvolvimento da consciência forma uma parábola invertida em relação à parábola do desenvolvimento do corpo físico. Ser humano  significa transitar entre estes dois universos, corpo e consciência. Isso acontece porque o processo de consciência é um processo de cristalização. Cristalizar significa enrijecer, torna-se mais rígido, assemelhando-se ao estado mineral, do qual as pedras fazem parte e cuja característica é a frieza e dureza. Já a energia vital fala de calor e maleabilidade. Neste sentido, podemos entender que consciência e energia vital caminham em direções opostas. Afinal,  não é isso que podemos observar na prática?  

O processo de envelhecimento faz as pessoas ficarem mais maduras, parecem saber mais das coisas, ganham consciência e, ao mesmo tempo, se tornam menos ativas, mais cansadas, como se perdessem um pouco do frescor que a vitalidade, naturalmente, traz. Opostamente, um bebê é flexível, todo molinho e quase podemos ver brotar agua de seus poros, nele, temos a imagem do frescor e jovialidade, mas sabemos o quão inconscientes ainda estão nesse mundo. E não seria este o ciclo da vida? O bebê nasce com máximo da vitalidade e sua consciência está como em estado de sono; no desenvolvimento normal ele cresce, ganha maturidade física, sexual e começa o despertar da sua  consciência. Mais tarde, ele amadurece e, a partir de certa idade – que antigamente chamávamos, “meia idade”- o ser humano ganha uma nova consciência perante a sua vida. Neste momento, o corpo vai perdendo energia vital e começa o declínio biológico. Este é o processo da expansão da consciência, que está intrinsecamente relacionado ao envelhecimento do corpo físico.

Tela de computador com texto preto sobre fundo brancoDescrição gerada automaticamente com confiança média

Cuidado para não desgastar antes da hora

Nessa visão sobre o desenvolvimento humano, cabe uma observação pertinente sobre a questão do forte apelo ao sistema neurossensorial  na infância, que é natural, especialmente nos três primeiros anos de vida, mas que segue até por volta dos sete anos. Mas o que é natural, pode se tornar excessivo quando adicionamos outros estímulos como, por exemplo, uso excessivo de telas ou alfabetização precoce.  Segundo a antroposofia, até os sete anos, nossa energia vital está destinada a formação do nosso corpo e vital e qualquer energia desviada para o intelecto, estaria desviando forças destinadas ao nosso desenvolvimento pleno. Por um espelhamento que a biografia humana possui da sua infância na maturidade, as consequências deste desgaste de forças precoce serão percebidas na velhice, por volta do nono setênio, onde o intelecto muito usado na infância agora falta para terminar a  vida em estado de consciência- vemos, comumente, as doenças degenerativas neurossensoriais nessa faixa de idade.

DiagramaDescrição gerada automaticamente

Sinergia de órgãos

Para medicina do estilo de vida, essa é a energia essencial que procuramos trabalhar através de técnicas de respiração, meditação, boa alimentação, qualidade de vida e do ar e através das práticas orientais, como Yoga, Tai Ch’i  ou Lien Ch’i. Todas elas visam captar a energia vital presente no Universo e contribuirmos para nossa poupança energética.

Como falamos, para a medicina chinesa, o rim abriga a energia vital, além disso eles trabalham com a ideia de que todos os órgãos do corpo estão interligados, ou seja, a saúde é vista de forma sistêmica e o mau funcionamento de um órgão, acarreta, inevitavelmente, no mau funcionamento de outros. Nesse sentido, rim e fígado mantêm profunda ligação, ambos participam do chamado circuito da via das águas e da boa atuação de ambos, o coração tem garantido o seu bom desempenho. Por sua vez, o funcionamento inadequado de fígado influencia o funcionamento de baço pâncreas, relacionado ao processo digestivo, que por sua vez altera pulmão, mostrando a correlação entre órgãos. Ainda, coração, baço e fígado atuam para o bom fluxo sanguíneo, portanto, se fígado está em harmonia, nosso coração vai bem. 

Corpo são, mente sã

Um outro diferencial dessa medicina é que não existe diferença entre mente e corpo, se um não vai bem, o outro tampouco irá; daí a necessidade de cuidar da saúde física e mental com a mesma atenção e sem ordem de prioridade. Por exemplo, emoção relacionada ao fígado é a raiva; quando a raiva sobe, o coração pode sofrer desgaste, inclusive físico. E na via oposta, um fluxo harmônico do coração- quando sentimos amor, gratidão, compaixão e outros sentimentos que estabilizam nossas emoções- pode ajudar a neutralizar os impulsos de raiva e irritabilidade, que podem estar vindo de alguma desarmonia do órgão fígado. Isso significa dizer que fluxo irregular do fígado pode acarretar, sintomas físicos do coração (aperto no peito e palpitações) e, emocionalmente, manifestar na forma de  ansiedade e angústia. 

Por outro lado, um fígado em seu fluxo harmônico, gera energia relacionada à expansão, liberdade e força de ação. Se notarmos, essas são características que também existem na emoção que denominamos “raiva”, porém, quando caracterizamos a palavra “raiva” vemos representadas estas energias de expansão estão em desarmonia. Mas a raiva carrega uma força benéfica e da qual podemos tirar proveito depois que a onda de emoção passar. A emoção não foi feita para durar horas, o que sentimos depois são efeitos, mas a carga de energia é como uma onda. Assim, quando experienciamos muita raiva e devemos, posteriormente, elaborar a vivência de forma a ressignifica-la e empregar a energia em algo produtivo. Caso contrário, a anergia não usada só aumentar a energia do fígado. Além dos efeitos no próprio órgão diretamente relacionado, isso pode comprometer órgãos digestivos e absorção dos nutriente (fonte de energia da terra), que compromete pulmão, atrapalhando a captação do ar (fonte de energia do ar), consumindo nossa energia vital e, consequentemente, também interferindo na função do rim, onde está abrigada nossa popança de energia, o jing. Veja o quanto as emoções alteram nossa saúde física.

Um ponto importante  nessas visões que falam da energia vital é em relação ao que eles chama de fogo digestivo, o agni para os hindus. O fogo digestivo, como o nome diz, tem relação com alimentos, mas não apenas isso. A boa digestão é um processo sofisticado e extremamente importante, na verdade, vital. Na visão oriental, a digestão é quase completamente responsável pela nossa saúde. E na verdade é, basta não nos alimentarmos por longos períodos que em breve não sobreviveríamos. Assim, em princípio, todo processo de doença deriva de uma má digestão. Em teoria, o organismo saudável é aquele que digere qualquer alimento, a não digestão já seria sinal de que aquele organismo não vai bem. E é  por isso que nessas visões, fala-se muito sobre a necessidade de manter a região do estômago aquecida e evitar a ingestão de alimentos considerados frios; esse alimentos retiram calor e diminuem nosso agni, nosso fogo digestivo, capaz de quebrar alimentos e reabsorve-lo em nosso corpo, mantendo a vida.  

Mas é preciso pensar que esse calor não é fruto exclusivo da ingestão de alimentos. Assim, apesar de essencial, o alimento não é o único que mantém a nossa vida. Afinal, se assim fosse, bastaria darmos comida a um cadáver e ele voltaria a viver, como escutei outro dia na aula de filosofia iogue. Somos feitos de mais elementos além do material carregamos uma força vital e esta é formada a partir de nossas emoções.

Por isso, o alimento emocional, composto de emoções, pensamentos e sentimentos, devem ser tão cuidados quanto a alimentação física. Pensamentos destrutivos, ruminantes, crítica, excesso de intelectualização e racionalidade, tudo isso também consome nosso calor interior. Nestes casos, estamos, literalmente, resfriando por dentro. Esse esfriamento atrapalha na digestão e traz seus desdobramentos, como falamos. 

Para a boa saúde, devemos buscar não apenas cuidar do tipo de alimento, mas buscar atividades que  tragam fluxo de energia vital, através de práticas que buscam circular energia vital em todo nosso corpo. Mas também devemos nos  ajudar nutrindo nossas emoções. Isso vem através de relações interpessoais saudáveis, exercendo atividades que nos tragam a sensação de  sentido na vida,  buscando uma interação maior com a natureza e conexão com o universo. Todos esses cuidados, aliados a boa alimentação física, contribuem, de forma sistêmica,  com nosso agni e com o aumento do  fogo digestivo, promovendo saúde integral. O caminho para esta transformação pessoal começa na busca pelo autodesenvolvimento e, consequente aumento da nossa dimensão humana. 

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