Parentalidade

Gênio forte

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Uma escrita, muitas formas de consumi-la.

Gênio forte
Eu leio para você…

Elas são ativas demais, criativas demais, inteligentes demais, amam demais. São realmente intensas, em tudo. E isto não poderia ser diferente em seus polos opostos, portanto, também podem gritar demais, chorar demais, sentir tédio demais, raiva demais. 

É um fato, não estamos preparados para lidar com tanta intensidade e podemos nos assustar quando nossos filhos entram em seus vórtices emocionais. No dia a dia, sua intensidade facilmente cai em rótulo como  “cabeça-dura”, “mal- criado” dentre outros título pejorativos que carregam o resto de suas vidas.

Queremos filhos criativos, que sejam líderes natos e que pensem fora da caixinha, como dizem; mas estamos prontos para lidar com esta nova era de crianças que chegam? Achamos que é a escola e a quantidade de estímulos que oferecemos que ajudarão a despertar nas crianças sua inteligência, mas é um engano. A criança carrega uma criatividade nata, que brota, com mais ou menos força, dependendo do temperamento. Isso independe do estímulo, isso se manifestará mesmo que ela tenha à sua disposição apenas pedaços de pau e alguns panos. Dali brotarão barcos, bonecas, bolas, casas e tudo que já vive dentro dela. Crianças muito criativas possuem muita energia , mas  quando não encontram  ambiente para tal expressão, colocarão o excesso em seus comportamentos.

Essas crianças parecem não deixar o mundo entrar nelas, o que torna muito árdua a tarefa de educá-las. É como se nossas regras, crenças, valores não fizessem sentido e não se “encaixassem” nela. Elas nos obrigam a repensar diariamente nossa conduta e rever nossos valores. Será que estamos certos no caminho ou será que vivemos uma vida inteira em outra realidade e agora temos um ser que nos confronta? São  esses os tipos de perguntas que calam em nossa alma, enquanto pais deste tipo d ecriança.

Há aquelas que precisam se abrir um pouco para aprender mais sobre nosso mundo. E há aquelas que não podem se abrir demais, isso as desviaria de seu próprio centramento. Parece estranho falar em centramento, mas essas crianças de gênio forte parecem mesmo carregar um propósito desde que nascem, e não exitam em sair na busca dele. Sim, isso é um novo tipo de pensamento, especialmente para quem veio de uma educação tradicional. Aprendemos que quando uma criança apresenta um desafio (que nós chamamos de problema), devemos tratá-la para que volte ao padrão “normal”. Mas já parou para pensar que essas crianças podem, na verdade, estar em um caminho de sabedoria e que estão na humanidade para quebrar paradigmas que não cabem mais na era da Alma da Consciência? Neste sentido, informações antigas não lhe cabem mais, elas são seres da nova era e têm a tarefa de abrir a consciência das pessoas; a começar por nós, pais.

Segundo Alexandra Caymmi, criadora das Constelações TSFI (Terapia Sistêmica Fenomenológica Integrativa), há uma diferença entre os dois tipos de “cabeça-dura”. Os que ainda precisam abrir um pouco seu campo para que aprendam coisas do nosso mundo e aqueles que não podem abrir seus campos. Os primeiros são aqueles que ainda não sabem amar, estão no caminho da nova consciência, mas ainda no começo da caminhada. Já o segundo grupo, são aqueles que vivem em uma interioridade e centramento que os conduz a uma verdade. Podemos perceber essas crianças pelo amor que carregam, elas amam muito e são muito amadas pelas pessoas, sendo como ímãs. Elas não se deixam influenciar, carregam uma sabedoria, que não é arrogante, mas  baseada no amor.

Quando estamos diante destas crianças  somos levados a rever tudo o que aprendemos,afinal, talvez sejamos nós que precisamos abrir nosso campo e nos deixarmos conduzir em novo caminho, uma nova consciência. Mas temos que ter cuidado, não podemos perder de vista nossa tarefa como pais: Educar seres humanos em sua potência física, psíquica e espiritual, ajudando a criança a adaptar-se ao mundo social e terreno e a integrar seu pensar e seu sentir, para que, amanhã, ela possa agir e transformar o mundo, ajudando a construir uma sociedade mais pacífica e consciente. E isso exigirá dedicação, presença e disposição de alma dos pais. Não é tarefa simples e requer o sacrifício (sacro – ofício), o trabalho sagrado de se dedicar a seres da nova era. Afinal, apesar de sua sabedoria espiritual, elas são seres que vivem no planeta Terra, e é preciso, também, ajudá-las a viver neste mundo. 

Ao nos empenharmos na tarefa de educar um ser,  estamos ajudando a construir nossa sociedade, que precisa de uma nova mentalidade para evoluir. O que se fez até agora, foi útil para chegar onde estamos, mas o planeta grita por uma mudança. Ainda vivemos em guerras, ainda matamos por religião e dinheiro; construímos muito do nosso bem-estar destruindo a natureza, poluímos a água que bebemos, envenenamos o solo que cultiva nosso alimento, tiramos nossa fonte de oxigênio, desmatando florestas. Estamos destruindo nossa fonte de vida..

No livro Parenting for a peaceful world, Robin Grille faz uma brilhante analogia entre uma sociedade mais pacífica e o papel da parentalidade, mostrando como nós, pais, estamos ajudando a construir o futuro do nosso planeta. Segundo Grille “Evolução social é produto de uma evolução na educação das crianças: uma não pode acontecer sem a outra”.

Nosso desafio, como pais destas crianças, é ajudar seus seres espirituais a viverem neste mundo terreno; ajudá-las a encontrar o equilíbrio entre o céu e a terra. É preciso que mostremos o caminho para que sua sagacidade não tire seus pés do chão, mas também, para que o peso terreno não as soterre. É preciso ensiná-las como viver dentro e fora de si ao mesmo tempo. Uma personalidade que as proteja para viver fora, mas ancoradas em seu sentir, dentro de seus corações.

#Antroposofia #espiritualidade #parentalidade

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