Parentalidade

Meu filho detesta ler

Tempo de leitura: 3 min

Uma escrita, muitas formas de consumi-la.

Meu filho detesta ler
Eu leio para você…

Hoje é muito comum ouvir queixas dos pais em relação ao desinteresse das crianças pela leitura e o interesse, cada vez maior, pelas telas. O grande problema é que telas trazem significados prontos e ocupam o lugar da fantasia, que deveria ser a tônica da infância. O excesso dos meios eletrônicos torna o pensamento meramente associativo, a criança para de tecer relações entre as coisas e chegar sozinha em suas conclusões. Nessa dinâmica, a leitura de um livro pode se tornar desinteressante para certas crianças, pois lhes falta a ferramenta para “criar” a fantasia necessária para viajar através da leitura. O uso de telas não exige força criativa porque, nelas, tudo vem pronto. Assim, ao se confrontar com páginas, que não trazem imagens, como no caso de um livro, a criança se vê sem recursos para criar imagens dentro de si. Esse processo não acontece do dia para noite, mas o hábito pode trazer prejuízos, fazendo a criança/jovem perder a  habilidade de criar relações e novas imagens a partir de si mesmo. Neste caso, estabelece-se um ciclo vicioso: a criança sem tal habilidade, fica facilmente entediada, recorrendo aos celulares, tablets e televisão, sedenta de algo que lhes preencha o vazio, já que, “sozinha” ela não sabe como preencher.

Mas, e o adulto? Será que ele consegue resistir aos impulsos de recorrer às telas, redes sociais e afins nos seus próprios momentos de vazio? Para além do uso dos eletrônicos, antes de julgar os hábitos da criança, o adulto deve se perguntar: estou conseguindo resistir às tentações que me seduzem? Se a resposta for negativa, como pode ele exigir o mesmo das crianças? 

Os pais e educadores têm a oportunidade diária de revisitar suas próprias emoções, seus próprios desafios, seus “vícios” socialmente aceitos, que podem não ser, necessariamente, as telas, mas podem estar camuflados em tipos de comportamento ou mesmo, em pensamentos viciantes. Nesta visita, ganha-se a oportunidade de transformação de aspectos que os fazem reféns, que nos viciam. Quando o adulto encontra em si um lugar que precisa ser vasculhado e assume o protagonismo da mudança, que primeiro é em si mesmo, ele passa a falar a partir de um lugar de enorme respeito e autoridade, não mais por ser aquele que “manda”, mas porque é aquele que tem forças para se transformar e,  assim, torna-se inspiração de força, um exemplo digno de ser seguido.

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