Para explicar sobre a saúde e longevidade, é preciso entender do que somos feitos; e, definitivamente, somos feitos mais do que um amontoado de carne e ossos. Poossuímos uma Energia Vital, Ch’i para os chineses, ou prana para o hinduísmo. Entender que possuímos um corpo vital é a chave para ingressar em uma nova forma de promover a saúde e vida longa.
Para ajudar nessa compressão, vamos entender um pouco melhor essas camadas não visíveis que nos constituem
JING
Todos nós possuímos uma energia essencial, nosso JING, uma herança genética insubstituível e finita. Na concepção, o encontro de óvulo e espermatozoide fornecem uma energia inicial para o novo ser. É a poupança de energia vital que será usada até o último suspiro daquele ser humano, nosso Jing. Os chineses comparam a uma vela, que é acesa no momento do nascimento e só é apagada na morte.
Simbolicamente, o desgaste desta energia pode ser entendido como uma parábola no sentido ascendente. Quando nascemos, ela está em sua máxima potência, até chegar ao ápice, 42-49 anos, quando a curva declina, marcado pelo desgaste natural do corpo físico. Cada um nasce com determinado Jing, mais forte ou mais fraco, como um biotipo, mais ou menos favorecido; quem nasce com menos deve poupar seu Jing; quem possui mais Jing, pode se dar ao luxo de mais extravagâncias ao longo da vida. Aqui está a explicação daquelas pessoas que comem mal, bebem, fumam e morrem de velhice; enquanto atletas ou pessoas extremamente saudáveis não resistem a uma doença. Também os casos entre vida e morte onde a pessoa, de repente, se recupera. Tudo isso é a força de seu Jing.
CH’I
Ch’i para Medicina chinesa, Prana, no yoga ou, simplesmente, a energia vital. A energia que circula nosso corpo através dos meridianos, canais de energia estimulados em técnicas como a acupuntura.
A energia vital permite que nosso esqueleto mantenha postura e carregue a vida. Esta energia fica armazenada no rim e precisa de calor para permitir que a fisiologia do corpo funcione bem. Quando ela está forte, sentimos disposição, entusiasmo e vontade de concretização de nossos ideais.
O Ch’i é gerado a partir da nossa energia essencial, o nosso Jing ancestral, que chineses chamam de energia pré- natal, acrescido da energia pós celestial, esta é gerada a partir da essência dos alimentos, do ar e da nossa atividade mental em equilíbrio, o que inclui a organização das nossas emoções. Para longevidade e saúde devemos investir na energia Pós Natal, contribuindo para menor desgaste do nosso Jing.
Para a Medicina chinesa, fígado e rins têm profunda ligação, ambos participam do circuito da via das águas e mantém o coração em seu perfeito funcionamento. O coração é o órgão relacionado às nossas emoções, portanto, este fluxo harmonioso também gera estado de equilíbrio emocional; quando este fluxo está fraco, além dos sintomas físicos relacionados ao coração, como aperto no peitoe palpitações, emocionalmente, isso se manifesta em ansiedade e angústia.
Já o fígado está relacionado com a nossa expansão, liberdade, força de ação, características que também podem se manifestar em uma polaridade oposta, expressa na raiva, por exemplo. Quando experienciamos muita raiva e não trabalhamos tais emoções, o trabalho entre fígado e rim fica comprometido, consumindo nossa energia vital.
Mas Ch’i é mais do que energia, é um tipo de consciência que permeia todas as coisas do universo e que sustenta nossa vida.
A FORNALHA DA VIDA- A RELAÇÃO CORPO, ALMA E ESPÍRITO
Para os orientais, na região do rim está abrigada a fornalha da vida, que nos permite estar em harmonia física, mental, emocional e espiritual. Para isso, ela precisa ser abastecida para manter calor e este “fluxo das águas”. Isso também ajuda a diminuir o impacto da curva de Jing que, quando começa seu declínio, que faz com nosso corpo físic se desgaste. Mas se o declínio faz parte do processo da vida, podemos tornar esta descida mais suave ao colher do universo a energia vital que também está disponível nele. Podemos contribuir com nossa poupança vital através de alguns canais: energia do céu, vinda da respiração e do ar; energia da terra, vinda dos alimentos e calor, que geramos através das relações humanas, da nossa presença real naquilo que fazemos, da Vontade que nos leva a ações e da consciência. Portanto, o combustível para gerar calor é o MOVIMENTO, que é gerado sempre que temos uma vontade como motivação interior. Práticas como Yoga, Lien Ch’i, Chi kung, Tai chi, meditação, pranayama, dentre outras práticas energéticas, têm por principal objetivo captar o Ch’i, prana ou energia vital do universo e abastecer nosso corpo de energia pós celestial.
Quando esta energia começa a faltar, ficamos mais suscetíveis a enfermidades, sentimos mais o desgaste do corpo, nossa mente e emoções se desorganizam. Já quando o tripé está forte, sentimos conexão com nosso elemento espiritual e isso se manifesta na forma de ações repletas de criatividade, entusiasmo e sabedoria.
SHEN
Para a medicina Chinesa, a fonte de nossa espiritualidade é o coração; e sua forma de manifestação no mundo físico é através da mente, a qual chamam de Shen. Como um ciclo virtuoso, um shen forte nos dá capacidade de sentir, entender e intuir. Nossa mente ganha clareza, equilíbrio, criatividade e sabedoria; experienciamos a alegria e felicidade através de um estado de espírito, o que o ocidente batizou de estado de Flow. Quando fraco, sentimos que perdemos a conexão com nosso eu, portanto, desconectados da nossa própria identidade e espiritualidade.
AS 3 FORMAS DE CAPTAR ENERGIA VITAL E VIVER MAIS E MELHOR
Para ajudar nosso jing e fortalecer a energia pós celestial, a medicina chinesa fala em 3 agregados do ser humano
- Energia Cósmica, que podemos entender como energia do céu
- Energia Telúrica, que podemos entender como energia da terra;
- Ch’i, a energia vital que permeia todas as coisas do Universo.
Entender esta relação nos torna protagonistas da nossa saúde:
- PELO ALIMENTO- Energia Telúrica
A energia telúrica é relativa a terra, ao solo, por isso a alimentação será nossa ponte de contato com este tipo de energia. A medida que ingerimos os alimentos, além de gerarem energia para órgãos, também, formam sangue e participam da produção de energia de defesa do organismos, chamada de Weiqi pelos chineses. Esta energia, circula pelos meridianos que se localizam nas camadas superficiais da pele e são o primeiro agente de defesa quanto a invasores, inclusive externos como frio, vento, por exemplo.
O próprio processo de digestão consome calor, assim como alimentos crus e frios, que consomem muito mais “fogo” do nosso organismo na tentativa de cozinha-los dentro do nosso estômago, despendem maior quantidade de energia para digestão. Esta visão corrobora com a medicina Ayuvedica, segundo ela, o alimento demora em média 36 dias para ser totalmente absorvido pelo organismo e durante este processo vai virando parte dos tecidos do nosso corpo, confirmando que, literalmente, você é o que você come. Para eles, este calor necessário para digerir alimentos e torna-lo parte nossa, é feito pelo nosso Agni, o nosso fogo digestivo.
Mas a importância do sistema digestivo também é amplamente reconhecida pela Medicina tradicional, mais de 90% da serotonina é fabricada na região do intestino e o sistema nervoso entérico é considerado o nosso segundo cérebro. Segundo Dr. Geisa Quental, clinica geral com especialização em medicina vibracional, alimentos altamente processados, açúcar, farinhas brancas e leite são alimentos inflamatórios do intestino e sua ação inflamatória afetam o cérebro.
- PELO AR- Energia Cósmica
A respiração regula o ritmo cardíaco e oxigena cérebro e todo nosso corpo. Por estar ligada ao pulmão, tem relação com nosso cérebro reptiliano, ligado ao mecanismo de sobrevivência (luta, fuga ou congelamento). Atitudes que são solicitadas pelo cérebro primitivo quando sentimos alguma ameaça. Em milésimos de segundos, o sistema nervo autônomo derruba cortisol na corrente sanguínea e o corpo se prepara para uma destas três alternativas, influenciando batimentos cardíacos, órgãos sensoriais, paralisando a digestão, deixando todo sangue e energia disponível para músculos, caso eles precisem se defender ou fugir. É um sistema que é acionado mais rápido do que a via racional, onde pensando e avaliamos fatos. Nesse modo, o cérebro, literalmente, não pensa. O ritmo respiratório é um dos sistema que respondem de forma autônoma diante de sensações de ameaça.
Desta ligação direta com tronco cerebral, podemos deduzir que nossa respiração altera nossos pensamentos e a qualidade deles. Portanto, podemos entender que qualidade do ar, o tipo de respiração e meditação influenciam diretamente nossa energia vital e os tipos de pensamentos.
Além disso, o ritmo respiratório, alternando movimento de contração e expansão, regula o sistema rítmico, este sistema regulado traz sensação de equilíbrio, centramento e bem estar. Sentimos bem de estar dentro do nosso próprio corpo e, assim, queremos também fazer bem ao próximo, portanto, este sistema está relacionado com a EMPATIA.
Ainda, para que o alimento ingerido vire energia para nosso corpo, ele precisa de uma boa captação do ar, trabalho feito por pulmões saudáveis. Qualidade do ar e ritmo respiratório harmônico oxigenam o cérebro e todo o corpo, ampliando a capacidade de pensar e tomar decisões. Portanto, clareza, criatividade e equilíbrio emocional vêm, também, ar.
- PELO CALOR- Ch’i
Ch’i é a força promotora da atividade do corpo humano, é a energia que empurra o sangue. No corpo humano ele está sob influencia dos alimentos, do nosso estilo de vida, estado emocional e mental. Ch’i vem da nossa vontade, que gera movimento e, consequentemente, calor.
Parte da energia do alimento vai para funcionamento dos processos vitais e outra parte vai para as sinapses cerebrais. Quando neurônios são ativados, emitem um impulso nervoso e geram eletricidade. Em outras palavras, toda vez que fazemos algo novo, “colocamos a cabeça para funcionar”, literalmente. Em situações novas, o cérebro precisa se adaptar e buscar novas maneiras de operar, as sinapses geradas são resultado desta buscar por novos caminhos. Quando temos a transmissão de impulsos elétricos, magnetismo é criado em torno. Portanto, quando aprendemos coisas novas estamos fazendo energia.
O coração também é um órgão que funciona por atividade eletromagnética. O eletromagnetismo cardíaco é tema estudado pelo Instituto Heartmath®. Portanto, é possível afirmar que o que sentimos também gera energia. Um outra energia presente em nosso corpo e que pode ser medida é a energia térmica. Com tanta energia, podemos entender o corpo humano como uma usina elétrica que fornece energia através do calor e movimento. Mas para que o movimento aconteça, o ser humano precisa de algo antes, Vontade. Este tipo de energia vem dos nossos desejos mais profundos, dos nossos ideais mais genuínos, tudo isso é da ordem da Inteligência do coração.
É este tipo de vontade que faz sairmos da cama todas as manhãs e continuarmos a escrever nossa história da vida, apesar das dificuldades. Carregamos uma força que não pode ser medida mas que percebemos que nos sustenta dia após outro. Esta energia é nosso Ch’i. Uma pessoa com depressão tem dificuldade de sai da cama e gerar movimentos, exatamente porque lhe falta esta vontade. Nestes casos, neurotransmissores deixam de atuar como deveriam e impulsos não são suficientes para gerar Ch’i, sendo necessário medicamentos em alguns casos. Mas mesmo quem lança mão de alopáticos, deve cuidar, com mesma atenção dos três pilares da saúde ( alimento, ar e calor), porque eles ajudarão para que o indivíduo possa reconquistar mais rapidamente a capacita de fabricar sua própria energia. Mais importante, calor vem, principalmente, das relações humanas, da nossa presença naquilo que fazemos, do querer que nos leva a aprender e fazer coisas novas no mundo. Portanto, o combustível para gerar movimento e calor chama-se Vontade e ele nasce de uma motivação interior.
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